Dendrocronologia Forense
A ciência
que analisa e interpreta o crescimento anual dos anéis das árvores
designa-se por dendrocronologia. O termo provém do grego dendron (que significa árvore), crono (tempo) e logos (conhecimento).

O
interesse por esta temática remonta à Antiguidade, mais concretamente
a Theophrastus (370 a.C) discípulo de Aristóteles que, num dos seus
livros intitulado “Investigando as plantas”, descreve os anéis das
árvores, afirmando que existia uma relação entre os mesmos e o meio
ambiente.
No
Renascimento, Leonardo da Vinci (1651), uma das mentes mais brilhantes
da história, pensou em utilizar os anéis das árvores para reconstruir o
passado. Sugeriu que a largura dos anéis estava relacionada com a
presença da água no ambiente e propôs um método para reconstruir o clima
do passado.
Em 1904,
Douglass, natural do Arizona, que viria a ser considerado o “pai” da
dendrocronologia, recorreu a ela para a datação das famosas ruínas
índias espalhadas por todo o sudoeste americano (Worbes, 2002).
Quando
observamos o corte transversal do caule de uma árvore, verificamos a
existência de sucessivos anéis concêntricos de diferentes tonalidades e
espessuras, os designados anéis de crescimento. Durante
a primavera, a abundância de água faz com que o diâmetro das células
aumente e, por consequência leva à formação de um anel claro (a
distância entre as paredes celulares dá uma aparência mais clara).
Durante o verão (devido à secura) as células são mais pequenas, logo as
paredes celulares estão mais próximas e por isso o anel formado parece
mais escuro. A espessura de cada
anel está relacionada com as condições climáticas, pelo que a mesma
espécie poderá ter engrossamentos mais rápidos devido à água e à
radiação solar abundantes (e o reverso também é verdadeiro). Um par de anéis, claro e escuro, corresponde ao crescimento da árvore, em diâmetro, durante um ano.
A relação
entre os anéis e as condições ambientais, faz com que os anéis funcionem
como arquivos naturais que nos permitem identificar e datar um grande
número de acontecimentos ambientais entre os quais, geadas, inundações,
furacões, incêndios, sismos, erupções vulcânicas, pragas, aumentos de
concentrações de CO2 atmosférico, etc (Cook & Kairiukstis, 1990).
A
dendrocronologia desdobra-se em diferentes ramos, nomeadamente: a
dendroclimatologia (utiliza as informações sobre a espessura, densidade e
o tipo de compostos presentes nos anéis, para reconstruir paleoclimas,
compreender as alterações climáticas que têm vindo a ocorrer no planeta e
prever a resposta da floresta ao clima futuro); a dendroglaciologia
(ajuda a estudar e datar a atividade dos glaciares); a dendroecologia (analisa
padrões, o tamanho e a densidade dos anéis para entender melhor que
relações bióticas e que fatores abióticos influenciaram o crescimento
das árvores e assim reconstituir a história da floresta); a
dendropirocronologia (utiliza as marcas deixadas pelos incêndios nos
anéis, para obter uma sequência cronológica e abrangência espacial dos
mesmos); a dendrohidrologia (identifica e estuda
alterações nos níveis dos corpos de água); a dendrogeomorfologia
(procura compreender as alterações ocorridas nas paisagens devidas a
deslizamentos, movimentos de dunas, atividade eólica, sismos, vulcões e
fenómenos cósmicos) e a dendroarqueologia (estuda a sequência de anéis
presentes em artefactos arqueológicos, habitações, pinturas em madeira e
estruturas de combustão para construir uma cronologia que permita datar
com precisão o contexto arqueológico (Schweingruber, 2007).