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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dendrocronologia Forense

A ciência que analisa e interpreta o crescimento anual dos anéis das árvores designa-se por dendrocronologia. O termo provém do grego dendron (que significa árvore), crono (tempo) e logos (conhecimento).
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O interesse por esta temática remonta à Antiguidade, mais concretamente a Theophrastus (370 a.C) discípulo de Aristóteles que, num dos seus livros intitulado “Investigando as plantas”, descreve os anéis das árvores, afirmando que existia uma relação entre os mesmos e o meio ambiente.  
No Renascimento, Leonardo da Vinci (1651), uma das mentes mais brilhantes da história, pensou em utilizar os anéis das árvores para reconstruir o passado. Sugeriu que a largura dos anéis estava relacionada com a presença da água no ambiente e propôs um método para reconstruir o clima do passado.
Em 1904, Douglass, natural do Arizona, que viria a ser considerado o “pai” da dendrocronologia, recorreu a ela para a datação das famosas ruínas índias espalhadas por todo o sudoeste americano (Worbes, 2002).
Quando observamos o corte transversal do caule de uma árvore, verificamos a existência de sucessivos anéis concêntricos de diferentes tonalidades e espessuras, os designados anéis de crescimento. Durante a primavera, a abundância de água faz com que o diâmetro das células aumente e, por consequência leva à formação de um anel claro (a distância entre as paredes celulares dá uma aparência mais clara). Durante o verão (devido à secura) as células são mais pequenas, logo as paredes celulares estão mais próximas e por isso o anel formado parece mais escuro. A espessura de cada anel está relacionada com as condições climáticas, pelo que a mesma espécie poderá ter engrossamentos mais rápidos devido à água e à radiação solar abundantes (e o reverso também é verdadeiro). Um par de anéis, claro e escuro, corresponde ao crescimento da árvore, em diâmetro, durante um ano.
Wook.pt - Slice Through Time
A relação entre os anéis e as condições ambientais, faz com que os anéis funcionem como arquivos naturais que nos permitem identificar e datar um grande número de acontecimentos ambientais entre os quais, geadas, inundações, furacões, incêndios, sismos, erupções vulcânicas, pragas, aumentos de concentrações de CO2 atmosférico, etc (Cook & Kairiukstis, 1990).
A dendrocronologia desdobra-se em diferentes ramos, nomeadamente: a dendroclimatologia (utiliza as informações sobre a espessura, densidade e o tipo de compostos presentes nos anéis, para reconstruir paleoclimas, compreender as alterações climáticas que têm vindo a ocorrer no planeta e prever a resposta da floresta ao clima futuro); a dendroglaciologia (ajuda a estudar e datar a atividade dos glaciares); a dendroecologia (analisa padrões, o tamanho e a densidade dos anéis para entender melhor que relações bióticas e que fatores abióticos influenciaram o crescimento das árvores e assim reconstituir a história da floresta); a dendropirocronologia (utiliza as marcas deixadas pelos incêndios nos anéis, para obter uma sequência cronológica e abrangência espacial dos mesmos); a dendrohidrologia (identifica e estuda alterações nos níveis dos corpos de água); a dendrogeomorfologia (procura compreender as alterações ocorridas nas paisagens devidas a deslizamentos, movimentos de dunas, atividade eólica, sismos, vulcões e fenómenos cósmicos) e a dendroarqueologia (estuda a sequência de anéis presentes em artefactos arqueológicos, habitações, pinturas em madeira e estruturas de combustão para construir uma cronologia que permita datar com precisão o contexto arqueológico (Schweingruber, 2007).

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