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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Ecos de uma revolução falhada

Na Galeria da Avenida da Índia, RED-Africa – Things Fall Apart resgata e problematiza algumas das narrativas do comunismo no continente africano. Para lembrar e pensar acontecimentos e promessas que marcaram a segunda metade do século XX.

Homens e mulheres de várias nacionalidades e etnias conversam entre sim, sorriem. E dançam, tomados por uma alegria genuína, de mãos dadas e braços entrelaçados. A atmosfera é de festa, de amizade, mas o espectador pode duvidar. O que tem diante de si são imagens de arquivo, produzidas na URSS nos anos 60, que o artista Alexander Markov editou para o seu filme Our Africa (2016). Sabemos o quanto as imagens podem ser enganadoras e a que as de propaganda são mentirosas. Mas aqueles homens, aquelas mulheres não parecem estar a fingir. Estão a exprimir afectos, bons sentimentos. Estão? A história é um lugar complexo, feito de histórias e memórias distintas, por vezes contraditórias, irreconciliáveis.
E é nesse mundo que RED-Africa – Things Fall Apart nos coloca. Patente até 12 de Março na Galeria da Avenida da Índia, esta exposição, comissariada por Mark Nash tem uma finalidade: reflectir sobre as realidades sociais e políticas do mundo comunista ou pós-comunista contra um pano de fundo que o espectador português reconhecerá: África. A sua narrativa é a da segunda metade do século XX e, com o auxílio dos artistas e das obras, traz ecos e ruínas de um projecto político que, como todos os projectos políticos, não resistiu à imprevisibilidade que caracteriza as acções humanas. O título remete para essa condição efémera das “obras” dos homens, citando o livro homónimo do escritor nigeriano Chinua Achebe (datado de 1958) que lidava com a devastação produzida pelo colonialismo europeu no continente africano.
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